sexta-feira, 20 de junho de 2014

Os companheiros de viagem

Acho que já escrevi sobre isso noutro post, mas vamos fazer um exclusivo pois o tema merece.

Costumo dizer que “A melhor forma de se perder uma amizade é viajar junto”. Uma coisa é um final de semana na praia, outra é passar semanas vivendo junto 24h durante dias a fio.

Eu posso dizer que tive sorte até hoje pois numa única oportunidade dei meio azar, digo meio porque o chato não pegou quase nada no meu pé.

De resto, como disse, dei sorte ou muita sorte.

Já viajei sozinho, em dois, em 10, em meia dúzia, mas acho o numero de 2 a 3 o ideal pois, quanto menos pessoas, menos stress, menos opiniões, etc.

Em toda viagem com mais de 1 pessoa, uma delas acaba tomando a frente, decidindo hotel, trajeto, horários, esta liderança é normal e surge espontaneamente no grupo mas, infelizmente, vira e mexe tem aquele que não soma, só critica, daí haja saco.

Como em qualquer tipo de relacionamento entendo que há a necessidade de haver concessões e diálogo, senão um mata o outro. Mas, tenho como essencial uma prévia conversa bem antes da viagem, para se definir papéis, objetivos, interesses, valores, horários e por ai vai.

Embora problemas surgirão, sempre poderão recorrer à reunião para usar as decisões tomadas como baliza para o problema que venha a surgir e finalizar a discussão.

Mas vamos aos meus parceiros:

- Meu primeiro parceiro de viagem longa foi o meu irmão VIRA LATA do 100 Pressa MC (meu primeiro Clube) – pensa num parceiro, é o cara. Sujeito gente fina, parceiro para qualquer parada, ligeiro, não enche o saco, topa tudo, ótima companhia e muito experiente em estrada.

Tive a honra de dividir muitas estradas com ele e se Deus permitir, rodaremos muito ainda.




- Noutra viagem fui com o Billy da Xaropinha (Carpe Dien), Ronaldinho (Falcões MC) e outros 7 caras, totalizando 10 motos.

Rodamos a rota 66 de cabo a rabo e foi relativamente tranquilo para mim pois acabei puxando o grupo uma vez que tinha o GPS, mapa de papel, falo inglês e já tinha experiência naquela rodovia.

Posso dizer que tivemos sorte pois, dos 10, apenas 1 foi mala e criou confusão com quase todos, digo quase porque comigo não houve stress mesmo porque, se criasse caso comigo passaria fome, afinal de contas além de guia-lo, eu lhe traduzia cardápio, escolhia quarto, etc.

Posso dizer que 10 motos é um numero bem grande e que isso faz a viagem bem complicada, mas, como dito acima, havíamos discutido previamente o passeio e tínhamos 9 caras tranquilos e afim de curtir a viagem, logo o saldo foi positivo.




- a viagem pela América Latina foi especial neste aspecto pois o Guli (Carpe Dien) nunca tinha viajado comigo sequer viagem curta, logo não sabia como ele se portaria na viagem que não foi curta em nenhum aspecto.

Sai ciente que ele curte uma cangibrina, água que passarinho não bebe, marvada, enfim, enxuga forte e profissionalmente rs.

Eu não bebo tanto e também não fumo.

O Ronaldinho com certeza não seria problema, o cara é um puta piloto, mega experiente, super sensato, em suma, não é meu ídolo a toa.

O Ronaldinhodinho era um adolescente com 11 anos à época e eu não fazia a menor idéia de como ele reagia a tantos kms rodando. Mas também pensei que não seria problema pois ele é super bem educado e tem bom exemplo em casa.

Posso dizer que foi uma das melhores viagem da minha vida neste quesito!

O Guli se mostrou muito parceiro, manteve seu habito de beber e fumar (aliás parávamos para ele acender cigarro a cada placa indicativa de altitude rs), mas não deixou isso atrapalhar em nada a viagem pois, enquanto ele tomava a gelada no bar, eu escrevia o blog, o Ronaldinho falava (e falava, e falava, e falava), e o Ronaldinhodinho comia (aliás é magro de ruindade, pois come mais do que o bicho da seda).

Valeu a parceria e eu viajaria novamente com o GULI sem o menor problema.

O Ronaldinho então nem se fala.




- agora, março de 2014, fui para os EUA com outros três Carpetas (Bertoli, Carmo e Beto Delchiaro). Nunca havia viajado com nenhum deles mas pensei, trechos curtos, estradas conhecidas pelo Bertoli e Carmo, não teria como haver problemas.

E não houve!

Costumamos dizer que temos o “padrão Carpe Dien de pilotagem”, ou seja, o resultado do curso de Conduta que todo integrante é obrigado a fazer e que o aplicamos em qualquer situação.

Todos dentro deste esquema, foi uma viagem bem tranquila e a convivência muito harmoniosa em todos os aspectos.

Como disse, sou um cara de muita sorte no quesito companhia pois, até em viagens como esta que os parceiros surgiram do nada (a princípio ia sozinho, depois o Delchiaro se ofereceu para me acompanhar e, na ultima hora, o Bertoli e o Carmo surgiram), não houve o que reclamar.




Daí porque disse que tive muita sorte, mas posso relatar, sem citar nome, uma viagem curta que foi mega estressante.

Fui para Jaraguá do Sul/SC na festa do Cano Quente MC, pouco mais de 500kms, ou seja, viagem tranquila. Mas, boca aberta que sou, comentei com alguém que falou com outrem e um irmão motociclista ficou sabendo.

Ele ia para Curitiba e me avisou que iria comigo. Até ai, sem o menor problema, o cara é gente boa, conhecido há anos, parceirão mas ... fuma.

Mas isto é problema? Só se ele fumar 15 cigarros a cada parada kkkkk

Data, horário e local combinado, lá compareci e, para minha surpresa, ele tinha convidado um casal do Clube dele para irem juntos.

Fiquei meio assim porque não os conhecia, não sabia o esquema deles, velocidade, etc., mas como só iam até Curitiba pensei que não tinha como dar erro.

E não deu, o que me deixou pistola foi o fato do meu amigo fumar os tais 15 cigarros a cada parada – não estou exagerando ...

Eu costumo parar a cada 200kms em média, abasteço, uso banheiro, tomo algo liquido, um salgado qualquer e parto. O cara fazia a mesma coisa, mas bemmmm lentamente e intercalando com calmas e serenas tragadas.

Com isso a ida de São Paulo a Curitiba, que demora umas 5 horas no máximo, demorou quase 9 rs. Mas valeu a experiência e a companhia pois, como disse, o cara é gente boníssima.



Recentemente fui para Florianópolis com o Marcos Barros da Revista Moto Adventure, foi uma grata surpresa pois me senti como se já tivesse viajado com ele várias vezes, agíamos igual, pensávamos igual, não houveram stress em ultrapassagem, motos semelhantes, enfim, um cara que não me deu a menor preocupação.



Por fim, a conclusão que cheguei é que o quesito “sorte” é uma variável que não temos controle, mas não dá para confiar nela, portanto convém a tal reunião prévia, acertar todos os pontos possíveis, ouvir o que cada um espera da viagem, definir quando parar (tempo, distancia ou os 2), tipo de hospedagem (padrão/preço) e o mais importante – o objetivo da viagem (turismo, distância ou ambos).


Eu curto turismo (dããã), paro para tirar fotos, conversar com pessoas, conhecer lugares, etc., mas tem gente que curte rodar, rodar e rodar, não curte fotos tampouco longas paradas. Isto precisa ser acertado antecipadamente pois poderá ser um sério motivo para desgaste ao longo dos dias que virão.

Cito, por exemplo, a viagem da América Latina (janeiro de 2013), o Ronaldinho a organizou e nos convidou, ele foi bem claro que a viagem era para o Ronaldinhodinho, ele era o “dono” do passeio, nós fomos apenas como companheiros. Com esta definição clara em mente, a respeitamos e não houve confusão.

Já a viagem pela rota 66, o mala não participou da reunião prévia, não deu a menor atenção para as centenas de emails que precederam a viagem e que discutimos de tudo um pouco, não estudou nada sobre a viagem, o máximo que fez foi assistir o filme Motoqueiros Selvagens (Wild Hogs) e achar que seria aquilo no quesito estradas. Logo, caiu de gaiato na pegada.

Por fim, já que escrevi para caramba, cito o exemplo de um grupo de amigos (alguns do meu Clube), que fizeram uma viagem pelo Uruguai, Paraguai e Argentina. Não conversaram nada, tinha gente que estava indo sem saber porr*** nenhuma. Gente de carro e motos que iam de Gold Wing a Hornet (este com garupa e sem o menor preparo/experiência) passando por BMW esportiva, Suzuki boulevard 800, HD e por ai ia.

Na divisa de um dos países, um dos que estavam no carro descobriu que não se podia entrar no país só com a CNH, precisava do RG ou do passaporte, resultado – mega stress.

O grupo foi formado por pessoas que sequer se conheciam enfim, um mega equivoco que serviu mais para terminar amizades do que para fortalece-las.

Então escolham bem os parceiros pois ele podem voltar seu irmão, mas também pode voltar seu inimigo mortal.

Abraços


Cezinha

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