quinta-feira, 4 de novembro de 2010

4º dia

Eram 6:30hr da matina, horário normal, e estávamos abastecendo as “tenebrosas”, o objetivo era simples, dormir em São Luis no Maranhão.

Ah sim, terminamos a noite de ontem em uma lanchonete, deliciando de um saboroso X-frango, regado a cerveja e um ótimo papo com o pessoal dos Falcões de Aço, aliás, galera nota 1000, quem vier para estas bandas, pode procurá-los que não se arrependerá. WWW.falcoesdeacomg.com.br

Então, seguindo a orientação deles, pegamos a BR 153 (Belém – Brasília), que, como antes, está em ótimo estado.

Depois pegamos a BR226 que também está em muito bom estado e chegamos ao Maranhão.

Algo no Maranhão que salta aos olhos é a total falta de exigência do uso de capacete, é uma festa só, crianças (plural) na garupa, no colo, entre as pernas, tudo sem capacete.

Depois disto percebemos a existência de “pau de arara”, pick ups apinhadas de pessoas em plena rodovia, ao lado da polícia, tudo sem crise alguma.

Depois pegamos a MA280 em Montes Altos, no começo, tudo lindo, asfalto novo, via vazia, coisa linda.

De repente, sem mais nem menos, terra, areia, poeira, buracos e muitas pedras, grandes e pontudas, prontas para um pneu desavisado.

Até que íamos bem, alguns trechos chegamos a quase 100km/h mas, do nada, minha moto apagou, algum defeito elétrico ocorrera.

Paramos sob o sol escaldante e começamos a desmontar a moto, claro que tivemos que tirar a big mala que estava sobre o banco para tirá-lo, etc.

Depois de muito fuçar, descobrimos que não havia como arrumar senão com a ajuda de um eletricista.

Ah sim, enquanto mexíamos, o Vira fez algo na bateria e acionou o car sistem, quando isso ocorre, a moto fica disparando aquele recado maldito (este veículo esta sendo roubado, ligue .....).

A cada 20 minutos passava um cidadão qualquer, alguns de moto mas a maioria de caminhão, que levantava um poeirão absurdo; paramos um destes e ficamos sabendo que a próxima cidade estava a 20kms, e que era terra nos próximos 18kms...

Bom, puxamos a moto para uma pequena sombra há uns 50m de onde ela havia quebrado e lá foi o Vira Lata a procura de socorro.

É curioso que o tempo para num momento destes, claro que não havia sinal de celular, portanto, não havia nada a fazer senão ficar vendo a poeira levantar e baixar lentamente.

O calor era insuportável e, se ficasse na sombra, os insetos insistiam em ficar íntimos, só se afastavam quando ia para o sol, era a cruz e a espada.

Do nada veio um casal de índios andando, o homem vários metros à frente da mulher, e carregando um facão na cintura do tamanho da minha perna.

Mesmo escutando os berros da moto avisando que estava sendo roubada, fingi naturalidade e os cumprimentei, eles fingiram mais naturalidade do que eu e passaram resmungando algo que não compreendi.

Abordei um dos caminhões que passou e pedi algo, o ajudante, tão logo me deu o barril, já foi logo perguntando: “Você é policial?” Ao ouvir uma resposta negativa, ele emendou: “Mas a moto é da polícia né?”

Ignorei a vontade de dizer que se fosse estava sendo roubada e que moto de polícia não tem alarme e expliquei, calmamente, o que ocorrera, gentilmente me deram uma garrafa de coca cola de 200ml (vazia), eu completei com a água deles e eles se foram.

E assim se passou muito tempo, calor e mosquitos, até quem uma CG vermelha parou, desceu um rapaz que, sem nada falar, já foi logo mexendo na moto.

Só me restou cumprimentá-lo e me identificar como “proprietário” do veículo, ele, sem me olhar, disse que meu amigo havia mandado-o.

Daí me surgiu a dúvida: Então cadê o Vira Lata? Bom, que se dane, pensei, não vou atrapalhar o serviço deste profissional que tão prontamente foi me socorrer no meio da ... pqp.

Minutos depois o Vira chegou trazendo 1 única garrafinha de água, mas tudo bem, melhor que nada.

Mexe aqui, aperta ali, e o Vira descobriu que era problema no fio da ignição, como ele já havia ligado para a Car Sistem pedindo o envio da liberação do alarme, foi só montar tudo e ligar a motoca.

Neste ínterim o eletricista (????) já estava mais falante e perguntou se éramos policiais, o Vira de identificou como motoboy e eu fiquei calado para não rir. Ele explicou que “toda a cidade” ficou alerta com ele naquelas roupas procurando ajuda, que todos tem medo de assalto, etc.

Fiquei só pensando sobre o que deve estar passando na cabeça daquele casal de índios.

Bom, tudo em ordem perguntei o preço, o rapaz cingiu-se em pedir “qualquer coisa só para colocar gasolina na moto, pois era emprestada”, dei R$ 20,00 mais uma camiseta (usada e não lavada) do Carpe Dien, ele saiu todo pimpão e desapareceu no meio da poeira.

Subi na moto, a liguei (ligação direta agora), subi o pezinho e engatei ... ela morreu!!!

Fiz isso mais duas vezes e conclui o óbvio, o dispositivo do pezinho estava desligado.

Toca descer, desmontar a lateral da moto, ligar o fio e brummm, vamos que vamos.

Enquanto aguardava, fiz vários vídeos e depois irei disponibilizá-los no WWW.youtube.com/czroliveira.

O trajeto até ali era o paraíso face o que estava por vir. Comi poeira, literalmente, as fotos provarão isso, era um absurdo ao ponto deu não ver o Vira há poucos metros na frente, no final dos 20kms, não via sequer a tela do GPS que estava no guidão da moto.

Entramos na cidade de Sítio Novo e foi um sucesso só, paramos no único posto que tinha gasolina e, em minutos, todos os ... 50 moradores ... lá estavam, perguntando, olhando, comentando, enfim, só faltou o prefeito vir falar conosco.

Lavamos as correntes, jogamos água no rosto, óleo nas correntes, tanque cheio e vamos novamente, mais asfalto.

Sobre o asfalto, o trecho da reserva indígena está péssimo, lá não há manutenção alguma, existem buracos e mais buracos, isso sem falar em várias lombadas irregulares precedidas de depressões mais do que irregulares, e tudo isso tinha uma razão simples.

Índias e seus filhos ficam dos dois lados da pista, nas lombadas, fazendo uma espécie de pedágio, esticando uma cordinha com algo escrito, a pessoa para e pagam R$ 1, R$ 2 ou compram uma quinquilharia qualquer.

Ah sim, sabe porque não sei o que estava escrito? Simples, atropelei as “chancelas”.

Tão logo acabou a reserva indígena, tudo voltou ao bom e velho asfalto, sem lombadas, policia, radar, etc.

Só passamos a reparar a grande quantidade de animais na borda da via, e animais grandes, como jumentos e vacas. Vê-se também muitas queimadas.

O objetivo era dormir em São Luis mas, com as 03 horas perdidas para arrumar a moto e nos arrumarmos, cá estamos em Presidente Dutra/MA, aliás, nos hospedamos no “melhor hotel da cidade”, o Hotel Brasil.

Estou no quarto digitando este texto, e nunca vi tanto pernilongo em tão poucos metros quadrados, o ar está ligado mas pelo visto isso não os incomoda, só me restou dar um banho no quarto com o Baygon.

Agora vamos à churrascaria que é do próprio hotel e anexa à ele.

Finalmente vamos dormir cedo!!!

Que dia!!!

[]s e bjs

Cezinha



ps. coloquei algumas fotos na postagem de ontem

início do dia

chegando na divisa

no começo parecia facil

até vacas iam pelo caminho ...


simpáticas, nos abriram caminho

daí a moto quebrou, olha a cara feliz do mexânico

reparem na quantidade de sombras para podermos nos abrigar

ó porque disse q comi pó literalmente

o estado do capacete

da pobre motoca

o sucesso feito na cidade

o estado da criatura

pau de arara em plena rodovia federal

dentro da reserva indígena

o povo tem imaginação

por do sol

esta foto devia estar lá em cima

início do terror

desmontando a motoca feliz da vida

o Vira fazendo novas amizades

final do trecho de terra

durante o rally, eu limpava as lentes do óculos com os dedos para poder enxergar um pouco

9 comentários:

  1. Putz meu amigo passaram por minha cidade, Barra do Corda, mas hoje estou em Piripiri-Piaui, viajando a trabalho. Era para ter avisado a voces não sigam o GPS sempre nesse caso o correto seria voltar até Porto Franco-MA e pegar a BR 226, cara por lá o asfalto tá zerim, zerim.
    De Presidente Dutra até São Luis a estrada tá uma maravilha. Só depois da cidade de Miranda do Norte tem umas ondulações no asfalto.
    Caso queiram entre em contato com Expedito Jacaré em São Luis o cara é muito gente fina. Ele tem um repouso para os amigos motociclistas em frente a casa dele, na base do 0800 a hospedagem. O numero do telefone dele é 098-9975-0212. Além do mais o cara é apaixonado por Tenere, ele tem uma Tenere e uma XT 660. Na tenere foi ate a Venezuela e na XT foi até o Chile.
    Quando ligar para ele falem que foi Pacamao de Barra do Corda quem indicou.

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  2. Desculpe o telefone do expedito é 098-9972-0155

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  3. Eita nosso País de meu Deus......deve ter saido um caldo de feijão carioca dos dois no banho.....rs.bjos

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  4. Grande Cezinha e Vira,
    que viajem heimmmm, estou vendo que é só aventura, o bom disso tudo é que apesar das dificuldades vcs estão bem e vão ter assunto por muito tempo rsrsrsr.
    Abraços e sigam com Deus
    Acy Fontes
    Cavaleiros do Vento
    Palmas-to

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  5. Eita Cezinha, cuidado pra não assar aí!!!
    Abração e continue tendo uma excelente viagem. É pra isto que servem estas nossas motocas! AbraX, RUBA

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  6. Irmão vc acaba de chega ao paraíso (MARANHÃO)

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  7. PACAMAO – valeu as dicas, ficarão guardadas para a próxima viagem. E qdo vc vem p SP?

    MARI – sim, e era caldo grosso, bem grosso, rs.

    ACY – sim, ai ‘e a gra’ca da vida, ter o q contar p sempre.

    RUBA – c cerveja.

    JULIO – ainda voltarei p curtir d verdade o reggae local. E tks pelo elogio.

    []s

    Cezinha

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  8. vendo essa viagem novamente, lembrei que era pra voce ter passado em Carolina e Riachão.

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