5º dia

5º dia

Eram 6 da matina e o Vira me acordou, o barulho de chuva era muito forte e bateu o desespero, quem anda de moto sabe que pegar chuva faz parte, o problema é sair com chuva.

Mas já era o final do temporal, tão logo tomamos banho (separados, claro), e saímos para o café da manhã, ela já tinha passado e nossas “negas” estavam na porta do quarto, nos olhando e pedindo para andar.

Ah sim, os pernilongos, mesmo com o ar condicionado ligado, ter lavado o quarto com baygon, etc, estavam lá, firmes, fortes e de barrigas cheias. Para melhorar, o Vira resolveu abrir a janela do quarto, dai foi lindo, o quarto ficou preto.

O café do Hotel Brasil (o melhor da cidade, frise-se) estava cheio de funcionário da Petrobrás, e, pela primeira vez na minha vida, encontrei copos grandes para suco em um hotel.

Sobre o melhor hotel da cidade, esqueci de citar um fato ocorrido no check in, a funcionária me ofereceu dois tipos de quartos, o simples e o luxo, a diferença eram R$ 10,00 (o simples era R$ 75,00), perguntei o porque desta diferença e ela, prontamente, me explicou que o luxo tinha chuveiro quente ...

Queridos amigos, por todos os lugares onde estivemos, a água sai da torneira pronta para fazer chá, água gelada, só de geladeira mesmo, portanto, o apto podia não ter chuveiro elétrico, mas que tinha água quente tinha.

Bom, havíamos combinado que iríamos até São Luis, aliás, o Jonas dos Garotos do Asfalto MC havia mantido contato e nos aguardaria.

Na hora do café, com o mapa e o GPS nas mãos, mudamos de idéia, estávamos precisando de praia e cerveja com urgência, decidimos cortar pela direita sentido Piauí, para descansarmos em Parnaíba ou Jericoaquara já no Ceará.

Josenilton, dos Radicais Livres MC de Piripri/PI também havia entrado em contato e nos passado várias dicas.

No check out do hotel (o melhor da cidade), um hóspede e o dono passaram a nos sugerir caminhos, as opções se resumiam em pegar ou não 24kms de terra, em troca de 130kms de asfalto e curvas.

Depois de nos confirmarem, VARIAS VEZES, que a estrada de terra estava em boas condições, acatamos esta sugestão e rumamos para Caxias pela BR (esqueci o numero).

A rodovia estava ótima mas, do nada, lá estava ela nos aguardando, a terra.

Efetivamente estava em bom estado, dura e empoeirada. Era tanta poeira que parecia neblina, os caminhões nos cruzavam e nos lavavam de pó.

Pela primeira vez na minha vida as mãos sujas serviam para limpar a viseira e ajudar a enxergar (o normal seria o contrário).

Vários quilômetros à frente, saímos à esquerda na MA 034.

Na “esquina”, havia um posto policial, paramos para pedir água e o Vira aproveitou para matar a saudade de homens fardados!!!

Conversamos bastante com os guardas que nos sugeriram seguir pela esta MA até Teresina e depois pegar a BR 343 até Parnaíba.

Estavam certos, a estrada era linda e os buracos eram ínfimos, o problema eram alguns animais que apareciam de vez em quando.

Aliás, nota-se grande quantidade de urubus mortos por atropelamento, e não é para menos, os bichos são burros, voam para o lado do veículo que está vindo em sua direção.

Eu mesmo, há uns anos, indo para o encontro de Tiradentes/MG atropelei um com a Eletra, graças ao morcegão, ele se arregaçou na frente da moto, resvalou no meu rosto (estava com o capacete aberto), e desapareceu.

A entrada no estado do Piauí foi uma decepção, pois não havia placa indicando a divisa (uma foto a menos), e passamos por uma ponte que tem trilho de trem no meio, além de super congestionada, era perigosa.

Teresina é cidade grande, com trânsito, pessoas apressadas e motos, dezenas, centenas, milhares de motos.

Todos nos olhavam com espanto, ah sim, isto tem sido uma constante, prefiro entender como admiração!! rs

Nos perdemos, pois o GPS nos mandava para uns locais que não existiam, etc. bom, paramos para perguntar, rodamos pelo centro da cidade, centrão mesmo, e finalmente estávamos na direção certa novamente.

Neste ponto paramos para abastecer, lavar as correntes e lubrificá-las, pois a poeira estava toda engripada.

A rodovia, a BR 343, é um tapete, linda, nova e com poucas curvas, e isso dá um sono!!!

Bom, iríamos parar em Piripiri, para encontrarmos o Josenilton, e para lá tocamos.

Neste ínterim, o Jonas me ligou perguntando onde estávamos, quando descobriu que não íamos para São Luis e sim para Parnaíba, não titubiou, já se prontificou a contactar um irmão do MC local, o Thiluim.

O Josenilton conseguiu nos achar em plena rodovia, e só descobri que era ele porque ele havia me dito que tinha um corolla e, do nada, este carro passou a nos dar farol alto.

Preciso de um parênteses neste momento, minutos antes, não sei se é porque estávamos chegando em Piripiri, meu deu um piriri daqueles, senão estivesse sentado na moto o acidente intestinal seria inevitável...

Paramos num posto de gasolina e nem tivemos tempo para muito papo, corri para o banheiro e deixei o Vira com o Josenilton conversando.

Depois de tudo resolvido, sentamos para conversar e contar histórias dos nossos passeios.

Tiramos uma foto, nos despedimos, marcamos para nos encontrar em SP na próxima vez que ele para lá for, e pegamos estrada novamente.

Deste ponto em diante ocorreu outro fato inédito na minha vida: curiosamente, passou a ficar mais quente no rosto com o capacete aberto do que fechado.

É isso mesmo, quando abria o capacete, o bafo quente do ar sufocava, quando o fechava, ficava menos pior.

Só que isso começou a realmente incomodar, eu estava com a blusa e colete abertos, bota como zíper aberto e barras das calças arregaçadas.

Mesmo assim comecei a passar mal, a sufocação estava me deixando estranho, lento de pensamento e manobras.

Ah sim, neste trecho um porco cruzou nossa frente, e eu fiquei com medo da situação toda.

No próximo povoado (aqui tem povoados para caramba), parei no primeiro lugar que parecia ter água, acho que era um bar ou algo do gênero.

Paramos, pedi água e fui prontamente atendido pelo Sr., sua esposa, um amigo e o filho.

O barril estava até com pedras de gelo dentro, bebemos quase toda a água deles.

Neste meio tempo minha moto ficou estacionada bem à frente da casa, o Sr., dono da água, tinha uns 1,60m de altura e não pensou duas vezes, tentou subir na moto.

Graças ao bom Deus ele percebeu que se continuasse ia para o chão com moto e tudo, isso sem falar no berro que eu e o Vira demos na hora.

Com os radiadores resfriados, pegamos os últimos quilômetros até Parnaíba.

Chegamos na cidade e fomos direto para a concessionária Yamaha, pois 2 raios da moto do Vira estavam quebrados.

Enquanto olhavam a moto, o Thiluim chegou, ele é dos Anjos do Asfalto MC, e, não só nos recepcionou, como de cara já resolveu o problema do Vira – sugeriu soldarem raios menores para ficarem no tamanho correto.

O cara é gente finíssima, já nos pegou e levou para sua casa, abriu as portas e indicou o mais importante e necessário – o chuveiro gelado...

A esta altura do campeonato o banho era mais do que necessário, pois o cheiro já estava bravo!!

Agora estamos na churrascaria dele, conversando, sobre motos e clubes, claro.

Já conhecemos sua esposa Lidia e a linda Livia, sua filhinha que me fez sentir muitas saudades da minha pequena Sofia.

Mais tarde procuraremos um hotel ou pousada para descansar e, amanhã, partiremos para passar o final de semana em Jericoaquara.

Bom, por hoje é só pessoal!!!

Ops, já ia me esquecendo, o Thiluim já era fã do 100 Pressa MC, tinha até o bóton no colete, mas esta história o Vira contará oportunamente.

[]s e bjs

Cezinha

início do dia

distâncias

+ terra

estão vendo o Vira? nem eu.

reparem no pó no capacete, agora imaginem no resto.

ó o Vira lá.

posto policial no meio do nada.

divisa do Maranhão com o Piauí

limpinho...

para matar as saudades da HD.

Teresina/PI

monumento no meio do nada.

momento de reflexão

Grande Josenilton, valeu irmão.

chegamos e cá estamos.