terça-feira, 15 de janeiro de 2013

14º Dia (15/01/2013) – Pres. Roque Sanez Peña / Rafaela


Olá pessoal, hoje tivemos o dia mais sangrento da viagem, as motos (agora minha e do Guli) estão de sangue da frente às malas traseiras.

Mas já já explico como isso ocorreu.

Acordamos tarde, afinal de contas ontem definimos que nos separaríamos e já era prá mais do meio dia quando partimos do Hotel Presidente.

Aliás, esta hotel vale a pena, a exceção do café da manhã que é fraquíssimo, tudo é bom, a educação e presteza dos funcionários é nota mil, além do empenho do dono (Pedro) em nos ajudar com o mapa, roteiro, etc. recomendo.

Obs. O Guli perguntou ao dono se podia fumar dentro do hotel e a resposta foi que, se o cliente esta pagando, pode tudo. Ele se esbaldou.

Antes de sair fui à concessionária Yamaha que era na esquina do Hotel e o mecânico Carlos rapidamente trocou o óleo da minha moto pois já passou dos 4 mil.

Fomos então juntos até a “redonda” (rotatória), quando então seguimos sentido Buenos Aires e os Ronaldos sentido Paraguai.

Iríamos de Roque Sanez Peña a Rosário, cerca de quase 800 kms.

A estrada é simples e de mão dupla, com muitos caminhões e plantações nas bordas.

Como é de praxe e dado o horário, eu já havia ido ao banheiro, todavia não sei o que foi que eu comi, mas o negócio começou a apertar forte.

Mas estávamos no meio do nada, sem posto de gasolina algum muito menos sombra, então parar no meio da rodovia ia ser muito ... digamos ... constrangedor.

Minha sorte mudou quando apareceu um posto fiscalização sanitária.

Paramos e, é claro, fizemos aquele sucesso com as motos.

De forma bem educada e objetiva, pedi para usar o banheiro e me levaram até ele.

Ainda bem que a fiscalização sanitária é para quem passa, não para quem usa o posto, pois o banheiro estava um nojo só e, é claro, eu ajudei e muito a piorar.

“obra” realizada, sai e fui me despedir dos fiscais que já estavam amigos do Guli.

No caminho começou a aparecer plantações de girassol e caminhões bitrem carregando suas sementes.

Com isso as “palomas” (rolinha) se esbaldavam nas sementes que caiam na pista.

No começo foram 2, 3, 4 no meio da pista, dai começou a aumentar, aumentar e aumentar.

A quantidade de palomas era absurda e não deu outra, uma me acertou. Pegou no retrovisor, resvalou no meu ombro, rolou no asfalto e foi brutalmente atropelada pelo Guli.

Esta literalmente se arrombou.

Paramos e eu estava cheio de sangue e pena.

Lamentamos, acertei o retrovisor e voltei a rodar.

Ah, coloquei a contour para filmar no guidão pois a imagem delas voando do meio da pista era linda.

Mas o que era bonito começou a ficar perigoso, pois toda a hora tínhamos que desviar a cabeça e até a moto para evitar o choque que se tornou inevitável.

Com isso foram vários atropelamentos, vários mesmo, teve Paloma morta na bolha, nos pés, nas pernas, capacete, etc.

Lembro de uma que acertou minha bolha e encheu minha cara e boca de pena (e olha que o capacete estava fechado).

Não foi maldade, mas não dava para desviar, algumas eram espertas e voavam para fora da pista, outras eram kamikazes e tentavam a sorte ... davam azar.

Vocês já assistiram um filme sobre pássaros assassinos do Alfred Hitchok? Assistam, foi igual.

O Guli estava atrás e só se lembra de ter matado umas duas.

Depois de uma chacina, conclui que se reduzisse a velocidade para uns 120, 130 kms/h o índice de assassinato era menor (antes estávamos em torno de 160, 170).

Mas, mesmo assim, várias foram para o saco.

Infelizmente uma que devia ter queda para artista acertou minha câmera CONTOUR e ambas desapareceram na beira da pista, com isso lá se foram minhas lindas imagens em full HD das malditas mini pombas (além de mais de uma hora procurando a câmera no mato sob o sol escaldante).

Ah, já ouviram aquele ditado que pardal que anda com morcego amanhece de ponta cabeça??? Então, pardal que acompanha Paloma se arromba na minha bota.

Deu dó do pardalzinho que vacilou e acertou em cheio minha bota, se doeu meu pé, imagina o que aconteceu com ele.

Enfim, o prejuízo foi grande para todos, minha CONTOUR de mais de mil reais desapareceu, o protetor dos meus faróis rachou, há sangue e pena em toda a moto e nas nossas roupas.

Ah sim, teve uma que foi tão sortuda que entrou na “admissão de ar” da minha moto e saiu uma “Paloma a passarinho”.

Já chegando em Rafaela (onde estamos), um par de policiais aos nos verem se alvoroçaram e foram para a pista para, com certeza, nos abordar.

Todos nos avisaram que os policiais argentinos adoram extorquir motociclistas brasileiros, mas eu sou um motociclista brasileiro da zona leste!!!!

Quando vi, não tive duvidas, antes de darem a ordem eu já dei seta e fui para cima de ambos. Parei a moto, cumprimentei ambos e pedi indicação de hotel, etc.

A cara de ambos foi cômica pois foram surpreendidos, nos indicaram hotéis, agradeci e nos retiramos. Eles não tiveram como nem tempo de pedir documentos, etc.

Como já era quase 19h, decidimos arriscar entrar na cidade e demos a maior sorte, pois é uma cidade relativamente pequena e com uma temperatura maravilhosa, nem frio nem quente, há vento e muitos pássaros (as malditas palomas).

Paramos na praça principal para um sorvete e depois nos hospedamos no hotel Toscano, pela bagatela de U$ 50,00 o quarto com café da manhã e, é claro, internet.

E, para nossa sorte, o hotel tem um bar próprio daqueles que tem mesas na calçada, etc.

Agora estamos numa mesa na calçada, tomando Quilmes de litro ao preço de 25 pesos (ou seja, U$ 4,00, mais ou menos).

O vidinha dura esta nossa!!!!

Amanhã é Buenos Aires e buquebus.

Abraços.

Cezinha


ps. Palavras do Guli:

passeio pela América Latina – U$ 3.000,00
câmera contour GPS – U$ 500,00
lavanderia para as roupas – U$ 100,00
proteção dos faróis – U$ 200,00
explodir rolinhas sem chumbo – não tem preço

início do dia


hotel Presidente


momento de despedida


algumas das mortes




as FDPs


o retrovisor e o ombro



o banheiro utilizado


uma das cidades que passamos


mais mortes


o prejuízo



cade a Contour que estava aqui?


sangue



peninha


sorvete, prêmio merecido



cidade de Rafaela




paramos para abastecer e olha o que aconteceu


mais sangue


posto de fiscalização


acho que não serei mais bem vindo lá


abastecimento


sangue









Rafaela 


é assim a noite, imagina de dia



7 comentários:

  1. Isto é o que chamo de uma viagem punk... mas muito legal ! Aliás, quem mandou reclamar das borboletas ???? Segundo uma das variações sobre as Leis de Murphy, nada é tão ruim que não possa piorar.... cuidado com o próximo trecho !!! rsrsrs. Faça uma excelente viagem !

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  2. Dupla de Serial Killer da Zona Leste...é isso que voces são...e ainda riem da desgraça dos pássaros...francamente viu..
    sil

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  3. Bichão, tá no lucro...poderia ter sido pior! Abraço

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  4. Bichão, tá no lucro...poderia ter sido pior! Abraço

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  5. Eu já acertei uma indo pra casa mais no caso de vcs rolou muito sangue. Raining blood. Kkkk

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