terça-feira, 8 de janeiro de 2013

7º Dia – Lago Titicaca + Puno / Tacna

Senta porque a história de hoje vai ser longa.


Rodamos de 1 grau celsio ao deserto!!!


Mas antes disto, vamos ao relatório cronológico:


Conforme acertamos ontem a noite com Es Possible no horário combinado estávamos na porta do hotel aguardando o triciclo para nos levar ao porto para irmos ao lago Titicaca.


Por falha de comunicação, quando dissemos triciclos nos referíamos às moto, não às bicicletas que também transportam pessoas.


Moto é moto taxi, bicicleta é triciclo.


Consertado o erro, apareceram 3 moto taxis, 2 para nós e a outra para a cunhada do Es Possible e uma amiga que acabou por nos acompanhar por todo o passeio.


Estes moto taxis nada mais são do que uma cabina numa moto de 125cc, o grau de segurança é zero que, somado à forma de pilotagem do piloto e o transito caótico, tornam o passeio uma aventura, depois vocês verão o vídeo que fizemos.


Bom, após alguns minutos que pareceram horas, estávamos no porto de Puno.


Haviam centenas de barcos, aparentemente todos para o mesmo objetivo.


Ah, esqueci de dizer, por 50 soles teríamos o passeio por 3 horas num grupo de 20 pessoas; por 60 soles teríamos a mesma coisa mas num barco só nosso, com guia exclusivo, etc., considerando que 1 sole vale 1,10 reais, claro que fomos no esquema VIP.


O barco é grande e possui poltronas reclináveis iguais à de ônibus de viagem.


A viagem entre o porto e as ilhas não passa de 30 minutos, e nosso guia foi narrando tudo a respeito das ilhas, das pessoas que lá moram, como tudo começou, tamanho, números, números e mais números, o Bergson iria adorar esta parte kkkk.


Ah, o barco é lento para caramba e estava muito frio.


No tempo certo chegamos às tais ilhas, há um tipo de pedágio com corda e tudo para se acessar um espaço cercado pelas tais ilhas.


Basicamente são construídas com uma espécie de raiz que se coloca um tipo de mato flutuante sobre estas raízes e assim nascem as ilhas (resumi em 3 linhas séculos de tecnologia).


Estas tais ilhas são habitadas por famílias inteiras e administradas por um “Presidente” e, quando há discordância entre as pessoas, basta “rachar” a ilha e dividir os descontentes.


Nosso barco aportou na “Isla Kollana  Corazón” onde pudemos descer, termos uma aula sobre a construção, história, histórico, enfim, tudo sobre aquele povo.


Todos são muito gentis e educados, não se incomodam em serem fotografados e franqueiam as próprias casas para fotos e responder às duvidas que surgiam.


São muito simples e o tal mato não tem um cheiro muito agradável, não chega a ser fedido, e com o tempo acabasse acostumando com ele.


Embora seja um ambiente rústico, não há como não cederem à modernidade, então tem energia elétrica via painel solar, cordas de nylon para amarrar a ilha (para não ir embora), garrafas pet para ajudar na flutuação, etc. ah, disseram que no ano que vem terão também wi-fi.


Claro que ofertaram alguns souvenires, mas justificamos que estávamos de moto e não haveria como levar aqueles mimos delicados.


Tirei várias fotos com as pessoas e as crianças locais conforme verão.


Para finalizar, saímos para um passeio num barco típico que tem grau de segurança similar ao dos moto taxis, mas pelo menos não tem buzina.


Fomos deixados numa ilha shopping Center com restaurantes, etc. e depois levados de volta à Puno.


De van fomos levados ao hotel, arrumamos nossas coisas e partimos por volta do meio dia.


Ah sim, constatamos que efetivamente o trabalho braçal é das mulheres, os homens, basicamente, administram, legal isso!!!



A VIAGEM DE HOJE:


De volta à estrada começamos percebendo que São Pedro ia nos sacanear um pouco.


Mesmo com esta certeza partimos apreciando as paisagens que, como já disse, tiram o fôlego.


Ainda mais quando começamos a ver neve bem próxima da pista, às vezes até na própria beirada da pista.


Do nada começou a esfriar e, de repente, começou uma chuva estranha.


Achei que fosse granizo, mas não machucava e era menor.


Paramos para colocarmos roupas de chuva, luvas especiais, etc. e constatamos que não era chuva nem granizo, era neve.


Flocos pequenos caiam aos milhares e todos ficamos muito felizes, pois nenhum de nós tinha passado por situação destas.


Rapidamente colocamos as roupas, tiramos umas fotos, fizemos filmes e começamos a congelar.


Eu não instalei o aquecedor de manopla na minha moto dado pelo Ale Crippa porque estava queimado e não tive tempo de comprar outro, resumindo, me dei mal, muito mal.


Mesmo vestindo uma luva segunda pele e outra luva ignorante sobre ela, meus dedos congelavam e doíam.


Não havia como correr, então não passamos de mais do que 100kms/h nas retas, nas curvas, era 20, 30, no máximo 50kms/h.


A gasolina do Ronaldinho estava baixa, então ele avisou que ia na frente e pararia no próximo posto enquanto eu e o Guli nos arrumávamos.


Já passei por diversas situações com moto, mas esta foi até agora a pior de todas.


O gelo se acumulava na bolha da moto e na viseira do capacete, se abria a viseira o frio cortava a alma, se fechava embaçava com a respiração.


Aumentei o volume da musica no capacete e me concentrei em não cair nem congelar, colocando a mão esquerda na ventoinha do radiador de vez em quando e mexendo os dedos o máximo que podia.


De vez em nunca um veículo passava por nós, e percebi que se tivéssemos qualquer problema ali iríamos morrer, senão pelo acidente, de frio.


E o Ronaldinho e o Jr???? Não os alcançávamos e comecei a ficar muito preocupado.


Do nada vi um negócio branco na beira da pista, na hora pensei que fosse o capacete de um deles e meu coração gelou mais do que meus dedos.


Para minha alegria era apenas uma lata de tinta abandonada.


Muito tempo depois os alcançamos numa espécie de vila onde se vendia comida e gasolina no esquema latão e funil.


Paramos para nos aquecer dentro do possível, o Ronaldinho tentou comprar chá mas cansou de esperar o atendimento e partimos.


A imagem dos flocos de neve vindo na direção dos meus olhos e se espatifando na viseira é linda e é uma pena que não tenha tido como filmar isso.


Com os dedos eu puxava o gelo para os lados da viseira e assim conseguia ver por mais uns metros até a neve voltar a fechar a visão e eu começar todo o processo novamente.


Este ponto de parada era basicamente o fim do inferno gelado e logo depois começamos a descer vertiginosamente e, consequentemente, a temperatura começou a subir.


Minha moto chegou a marcar 5 graus, a do Guli 2 e do Ronaldinho 1,5, soma-se a isso o vento forte.


Tudo isso durou mais de 2 horas e foi muito complicado e tenso.


Com a situação voltando ao normal pudemos relaxar mais e voltar ao ritmo normal.


Não demorou e todo aquele frio e stress acabou e estávamos sob o sol forte com minha moto marcando 15 graus, sim, é pouco, mas naquele momento era muito quente.


Seguimos descendo agora de forma forte, ralando pedaleiras, etc.


Passamos por várias pequenas cidades e, do nada, entramos em pleno deserto.


Montanhas gigantescas de areia nos cercavam e a pista nos chamava a acelerar.


Encontramos retas infinitas e curva de alta, muito alta, ao ponto de chegarmos a fazer algumas a mais de 150 kms/h sem o menor problema.


Tirei várias fotos destas paisagens mas, logo depois da empolgação inicial, veio o cansaço e a necessidade de chegarmos o mais cedo possível aqui em Tacna.


Parênteses: o Atie com outros 2 Buenas Vistas mais o Miltão do Carpe Dien estão fazendo, basicamente, o caminho inverso ao nosso e, desde ontem, estão aqui em Tacna. Eu travei contato com eles via nextel e facebook, e acertamos de ficarmos no mesmo hotel.


Então, tão logo chegamos à cidade e paramos para abastecer eu falei com o Miltão e viemos direto para o Hotel Plaza, onde eles estão.


É muito legal encontrar amigos no curso de uma viagem como essa, é diferente de encontrar algum outro brasileiro no meio do nada, é encontrar irmãos motociclistas, enfim, só quem é do meio entende.


Nos acertamos nos quartos e saímos para jantar e colocar as fofocas em dia, trocamos informações e voltamos.


Eu e os Ronaldos viemos para nossos quartos, o Guli, adivinha – foi tomar umas cervejas com eles.


Combinamos que amanhã cedo iremos à loja da Yamaha aqui de Tacna pois o nível do óleo da minha moto está baixo e o freio traseiro também, talvez pela altitude tenha criado bolha de ar no sistema, enfim, vou ver o que está acontecendo.


Estamos há 40 kms da divisa do Peru com o Chile e há uma diferença a menor de 2 horas, então amanhã perderemos estas duas horas do dia.


Também soubemos que no Chile o nextel não funciona, portanto contato conosco agora só via internet.


Bom, já são meia noite e vou dormir, pois amanha iremos a Iquique para compras (lá é zona sem impostos) e depois – San Pedro de Atacama.


Abraços e obrigado por nos seguir.


Cezinha

ps. posto com atraso de um dia por culpa do Ronaldinho que me emprestou o notebook para subir as fotos mas esqueceu de me dizer a senha ...rs














































































































a droga do computador subiu as fotos fora de ordem, mas são 2:50 da madrugada e não vou arrumar mais nada, depois acerto isso e posto as fotos do dia 9/1.

3 comentários:

  1. Fantástico o relato e as fotos .... e eu achando Curitiba frio.

    Realmente eu quero saber todos os dados mesmo kkkkk abração

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  2. Bergson eu nao conhecia o frio ainda kkk

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  3. Curto muito ver as fotos das motos e da estrada, mas tenho que dizer que TODAS as fotos tiradas no passeio ao lago ficaram magníficas, parabéns.

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