Rodando de Moto por ai ...: 15º Dia (16/01/2013) – Rafaela/Argentina

Hoje vou filosofar ...

Mas antes vamos ao relato do dia.

O hotel escolhido (hotel Toscano) é clássica propaganda enganosa, pois por fora é super bonito, mas os quartos são antigos, etc., enfim, era só uma noite e eu já dormi em lugares bem piores.

O café da manhã foi bem meia boca, mas comemos e partimos para a “ruta” (eram mais de 600 kms).

Assim como ontem a rodovia não tinha nada de especial, e mudamos nosso roteiro sentido Buenos Aires seguindo a dica do gerente, isso pelo menos funcionou bem, pois pegamos a autopista e mantivemos a média de 160 kms/h, sem o menor problema e o melhor, sem as benditas Palomas.

O ruim de autopistas é exatamente o fato de que você não passa em lugar algum é só rodovia e postos de combustíveis, enfim, nosso objetivo era chegar cedo em Buenos Aires para pegar o buquebus para onde estamos, Uruguai.

Não é difícil perceber que se está chegando numa cidade grande, pois o trânsito começa a ficar cheio, aparecem os taxis pretos com teto amarelo, Mac Donald’s, etc.

Enfrentamos com naturalidade o trânsito caótico da cidade grande, afinal de contas somos de SP e, como dizem, quem dirige em São Paulo, sobrevive em qualquer lugar do mundo (quem inventou isso não conhecia a maldita Juliaca).

O trâmite no buquebus foi super tranquilo, aguardamos o horário do check in, o fizemos, depois a imigração e, por fim, a aduana para liberar as motos.

Junto conosco no estacionamento estavam várias outras motos do Brasil, e encontramos seus donos que nos informaram que um deles havia vacilado com a bolsa tanque no restaurante do buquebus e foi furtado. Perdeu todos os documentos dele e da moto, dinheiro, etc. em suma, prestem a atenção, somos turistas e vitimas fáceis para espertalhões que existem em todo o mundo.

Não existe um povo mais tendente a isso ou aquilo, existem pessoas que, diante da oportunidade, aprontam.

Muitos amigos me disseram que no Peru eu precisava ter cautela, pois eles gostam de furtar e se orgulham disso. Nada ocorreu.

Isso me levou à conclusão exposta acima, ou seja, não existe povo que furta mais ou menos, não existe povo que dirige melhor ou pior, não existem caminhoneiros de determinado país que respeitam mais ou menos motos; existem pessoas com suas respectivas personalidades.

Bom, o buquebus que pegamos foi o “rápido” e em uma hora atravessamos o rio, a paisagem dever ser bonita, pois eu ouvia os flashes enquanto dormia profundamente.

A entrada no Uruguai foi super frustrante, nada daquele “Bievenido”, só saímos do barco e bum, estávamos no Uruguai, senão tivéssemos abordado o guarda para fazer perguntas, teria sido como uma travessia de balsa qualquer.

Enfim, já em terra firme partimos à procura do hotel para a pernoite.

Passamos por alguns com preços distintos, enquanto apreciávamos a vista do rio, onde vários adolescentes se reúnem para se exibir com suas motoquinhas, fumando cigarro (imitando os adultos) e bebendo terêrê.

Por fim definimos ficar num albergue da juventude pela bagatela de U$ 30,00 cada um em banheiro comunitário.

Agora vem a filosofia:

Eu fui alberguista por muitos anos, conheci vários Estados do nordeste do Brasil com minha amante (uma mochila grande que guardo com muito carinho até hoje), e já havia me esquecido de qual bom é o clima de um albergue.

Estou numa sala com mais de uma dúzia de pessoas falando vários idiomas, a maioria pelo visto mochileiros como eu já fui um dia.

Isso me levou a pensar que, embora tenhamos, graças a Deus e a nossos esforços, condições de ficarmos em bons hotéis, com serviços Vips, etc., existem coisas que o dinheiro não compra.

Eu já fiquei no Sheraton de Chicago, com vista para o lago Michigan e o rio, mas me senti sozinho porque só tive contato com a recepção e o consierge.

Mas também já me hospedei no albergue de Natal (o da praia dos artistas), onde conheci minha amigona Lucilia de Belo Horizonte.

No albergue de Curitiba conheci minha irmazona Matilde, e mantenho contato com ambas até hoje.

Naquela época não tinha facebook, e-mail, etc., nos comunicávamos por carta (telefone era caro rs).

Enfim, o que importa da vida é o que fazemos dela, o que aproveitamos dela, de nada importa o bolso cheio se você está solitário.

Todos ficaremos velhos (senão morrermos antes, claro rs), e o que diremos aos filhos, netos? Que histórias, que aventuras contaremos???

O que é melhor? dizer que você trabalhou como um filho da puta e ficou mega rico mas não teve tempo para gastar o que ganhou?; ou dizer que você trabalhou para caramba, curtiu para caramba, viveu para caramba e vai morrer feliz para caramba?

É como dizem, alguns homens passam metade da vida ganhando dinheiro e perdendo a saúde, e a outra metade gastando o dinheiro para recuperar a saúde.

Eu, pessoalmente, tento levar a vida a meio termo, trabalhar, juntar, gastar, aproveitando cada momento com sabedoria e inteligência.

Enfim – CARPE DIEM!

Bom, passado o momento filosófico vamos à viagem novamente.

Amanhã, conforme planejado, o Guli corre para São Paulo pois ele já conhece todo este trecho e também precisa chegar para trabalhar na segunda.

Quanto a mim, por conta da mudança de planos, vou indo ... preciso chegar dia 25 em Ribeirão Preto para a reunião nacional do Clube.

Até lá, é só mototurismo.

Já defini que passarei em Gramado para um churrasco prometido pelo Glauco (futuro carpeta). Pretendo passar também em Porto Alegre, em Curitiba e Bal. Camboriu para visitar as Regionais do Clube, depois subir pela serra da serpente até São Paulo.

Talves, finalmente, conseguir fazer a serra do rio do rastro (já tentei várias vezes mas nunca consegui).

No meio disto, é só festa!

Se você tem alguma sugestão (ou convite), me mande pois, se tiver estrada vou, senão tiver, também irei.

Abraços.

Cezinha

Ps. no final deste post vou colocar a fotos da miragem do deserto do Atacama que eu citei mas esqueci de anexar o arquivo.

começo do dia